Mais um detento que atualizava Facebook na prisão em Paranaíba
O detento Raguener Luis da Silva, 20 anos, foi isolado no estabelecimento penal de Paranaíba, a 413 km de Campo Grande, após denúncia de que ele estaria atualizando o perfil no Facebook de dentro da unidade. Informação foi confirmada ao G1 pelo diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), coronel Deusdete de Oliveira.
Caso de Paranaíba é o terceiro em menos de uma semana no estado.
Procedimento foi aberto para apurar caso, diz diretor-presidente da Agepen.
O jovem aguarda julgamento pelo crime de tráfico de drogas e está preso desde 15 de fevereiro de 2012. Segundo Oliveira, ele cometeu falta grave. "Pedi ao diretor da unidade para isolá-lo e abrir procedimento contra ele. Como isso é falta grave, ele perde todos os benefícios", afirmou o diretor-presidente da Agepen.
O G1 tentou acessar o perfil do jovem na rede social às 19h10 (horário de MS) desta quinta-feira após o contato com a Agepen. Porém, a página estava indisponível.
"É uma ousadia"
O secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Wantuir Jacini, classificou o uso do Facebook por detentos como uma ousadia. O órgão também investiga o caso de dois presos do Estabelecimento Penal de Segurança Máxima de Campo Grande que mantinham perfis na rede social por meio de celulares. Eles foram isolados após a descoberta da irregularidade.
Para o secretário, essa atitude não ficará impune. "É uma ousadia. Vamos investigar e descobrir como esses celulares entraram no presídio. Esse caso será apurado e os responsáveis serão punidos, não resta dúvida quanto a isso", diz Jacini.
Burlando a segurança
O diretor da Agepen afirma que a quantidade de presos que tem acesso a celulares e internet dentro de unidades prisionais é significativa. "Apenas em 2012 apreendemos 1,4 mil celulares em operações dentro dos estabelecimentos", relata.
Quando é descoberta uma conta mantida por detentos, o procedimento padrão, segundo Oliveira, é o isolamento do usuário e o cancelamento da rede social. Para evitar casos semelhantes foi pedida a retirada de torres transmissoras de operadoras de celular que ficavam em frente ao presídio em Campo Grande.
"Aquele local tinha um dos melhores sinais de Campo Grande. Com a retirada da torres vamos entrar em contato com as empresas de telefonia para saber que tipo de equipamento poderá ser colocado para que bloqueie apenas o sinal no complexo penitenciário".
Além disso, segundo ele, serão feitas operações rotineiras nos presídios e uma fiscalização maior principalmente em cima das mulheres, muito utilizadas para entrar com celulares dentro dos presídios, na opinião do diretor.
Antecedentes
A Sejusp confirmou que os detentos Claresvaldo Lemes Ferreira e Carlos Alexandre Matias Alves usavam perfis no Facebook de dentro da prisão. Eles estão presos por tráfico de drogas e homicídio, respectivamente.
No histórico de postagem dos perfis dos presos é possível ver que as atualizações eram diárias. Em uma das mensagens, postada em 25 de outubro, Alves relata uma suposta festa que teria acontecido dentro da unidade com o consumo de bebidas. No dia 16 do mesmo mês ele compara sua estadia na prisão com férias.
Em junho de 2012 outro preso, da mesma unidade onde estão Ferreira e Alves, também foi flagrado usando a rede social. A rede social servia para manter contato com parentes e amigos e para postagem de fotos dele na prisão.
No dia 19 de julho foi descoberto um perfil do Orkut que também era mantido por um detento, desta vez do Presídio de Segurança Média de Dois Irmãos do Buriti, a 113 km de Campo Grande. O preso atualizava a rede social com postagens de fotos dos colegas de cela. Em uma das imagens, o grupo, que cumpre pena em regime fechado, aparece fazendo um churrasco.
Fonte: G1