Paranaíba - MS, 01 de Novembro de 2024

Estudantes protestam após prisão de um na visita de André

24/08/2012 às 07:03
Estudantes protestam após prisão de um na visita de André

Na terça-feira, 21 de agosto, por volta das 17 horas, acadêmicos da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul que no uso de seu direito á liberdade de expressão, promoveram uma manifestação pacífica e apartidária, contra algumas decisões do governo quanto aos interesses daquela Instituição de Ensino. Eles aproveitavam a visita do governador para fazer a passeata, quando foram surpreendidos pela prisão, segundo eles, "inexplicável" de um dos participantes.

A alegação usada pela Polícia contra o movimento foi recebida pelos estudantes como um subterfúgio para enfraquecer o verdadeiro caráter e teor da manifestação.

Por isso divulgaram uma carta com as razões do movimento e o seu repudio as ações sofridas. Veja a íntegra:

Estudante preso em manifestação no Mato Grosso do Sul

Carta de repúdio à ação do governo e da polícia de Mato Grosso do Sul para com estudantes em manifestação.

Nós, estudantes da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) unidade de Paranaíba, vimos a público manifestar repúdio à ação policial truculenta, opressiva e intimidadora ocorrida no dia 21 de agosto,quando um dos estudantes foi preso sem qualquer razão coerente, levado à delegacia para Averiguação, e ali sendo acusado posteriormente de desacato, sob o falso pretexto de ter cuspido numa viatura.

Nosso objetivo enquanto movimento estudantil foi o de manifestarmo-nos contra o decreto n° 13.467 publicado nesta quinta-feira, 19, no Diário Oficial de Mato Grosso do Sul, assinado pelo governador André Puccinelli. O decreto em questão determina uma redução em 20% das despesas de custeio das entidades da administração direta e indireta, das autarquias e das fundações do governo estadual, o que inclui a UEMS. Tal redução foi justificada pela alegação de que houve queda na arrecadação estadual. No entanto o Portal da Transparência do estado de Mato Grosso do Sul mostra o contrário. Considerando a impossibilidade da redução estipulada e a ilegitimidade da justificativa, e tendo conhecimento da vinda do governador à cidade, nós acadêmicos convocamos assembléias e discutimos ações de protesto de cunho pacífico e reivindicatório, sem nenhuma vinculação político-partidarista.

Ainda assim, logo que nos reunimos e saímos às ruas notamos grande quantidade de policiais militares e, com a chegada do governador, observamos a presença da ROTAI (Rondas Ostensivas Táticas do Interior) que é uma unidade operacional da polícia militar, e tem por missão atuar preventiva e/ou repressivamente contra a chamada "criminalidade violenta". Mas nesse caso convocada, com todo o seu armamento pesado ostensivo, para garantir exclusivamente a integridade do chefe do executivo, segundo o próprio tenente. E a forma utilizada pela ROTAI para zelar pela segurança do governador foi ostentar seus enormes fuzis, avançar com seus veículos em direção aos manifestantes e por fim prender estudante sem nenhuma justificativa razoável.

Além disso, houve pressões e ameaças de todo tipo para conter a manifestação. Pessoas ligadas a partidos políticos entraram em contato com alguns integrantes do movimento, ligando nos aparelhos telefônicos pessoais dos mesmos para alertar sobre possíveis surpresas caso continuássemos com o protesto. Também o apoio da polícia já não nos parecia confiável. Dadas às circunstâncias, a segunda parte da programação estabelecida sofreu alterações, não pudemos ir até o local onde o governador estaria à noite, pois receávamos mais violência. Fomos a um debate entre candidatos onde possivelmente o governador apareceria. Porém, não apareceu. Mas o nosso protesto se desenrolou como planejado para a ocasião, fomos em grande número, todos juntos, amarrados uns aos outros e amordaçados. Não havia presença da polícia nesse momento. Levamos cartazes com nossos protestos e reivindicações, e a noite acabou sem mais problemas.

É importante dizer que não desistimos e não vamos desistir da luta, estamos unidos por uma boa causa, queremos uma UEMS que cresça e não podemos aceitar calados, um corte de 20% do que já era ridiculamente pouco. Reivindicamos investimentos para a Universidade em todos os setores, pois não há na UEMS setor que não careça de melhorias.

Movimento Estudantil

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